26 de mai. de 2009

Great (Fire) Wall

Quando isto acontece com o Google, me transformo em Regina Duarte: eu tenho medo!

20 de mai. de 2009

Eclipse total

No dia 22 de julho, quem estiver pela China poderá testemunhar o que os cientistas estão chamando de "mais importante e espetacular eclipse deste século". Isso porque, daqui da China, será o melhor lugar do mundo para testemunhar, durante seis minutos, o momento em que a Lua encobrirá totalmente a luminosidade do Sol.
O fenômeno completo poderá ser apreciado por duas horas no total, a partir das 8h (horário de Beijing), do dia 22 de julho (repeti, já anotou na agenda?).
Este será o mais longo eclipse total do Sol dos últimos dois mil anos e o mundo científico comemora, já que características cromáticas e do halo solar poderão ser estudadas com mais detalhes nesse momento.
Segundo a Academia de Ciências da China, o caminho da sombra da Lua irá começar na Índia, depois deve cruzar Nepal, Bangladesh, Butão e Mianmar, antes de chegar na China, começando pelo Tibet.
Quem não tem o costume de acordar cedo, neste dia deve pular da cama. Afinal de contas, só na série "Heroes" que eclipses totais acontecem duas vezes por temporada.

Escanteado, mas não calado

Texto da Jana Jan

Poderia ter havido negociação.  A afirmação do ex-primeiro-ministro chinês Zhao Ziyang bota lenha na fogueira e reacende a ira dos meandros do poder comunista em Beijing, que gasta boa parte do tempo e dos esforços para se livrar do fantasma da Praça da Paz Celestial. Zhao se refere aos estudantes que acamparam em frente à Cidade Proibida e só saíram dali expulsos pelo Exército de Libertação Popular, alguns deles, mortos – entre centenas e até 2 mil mortos, ainda não se sabe a cifra exata -, em 1989.
As declarações estão no livro póstumo Prisioneiro do Estado – O Diário Secreto do Premie Zhao Ziyang, lançado nesta terça-feira nos Estados Unidos e em Hong Kong, onde a obra de 306 páginas ganhou versão em chinês. Na parte continental do país ela está proibida. 
Os editores aproveitaram os 20 anos do massacre para publicar o livro, até agora o relato mais crítico à cúpula política no comando da República Popular da China vindo de um integrante do primeiro escalão. 
Zhao ascendeu ao Politburo em 1977, pinçado pelo então presidente Deng Xiaoping, sucessor de Mao, depois de garantir reformas profundas que fariam a indústria de Sichuan crescer 81% em três anos, mesmo período em que a agricultura deu um salto de 25% na província. Em 79, já era vice-primeiro-ministro e seis meses depois, nomeado premiê. 
Zhao era ambicioso e tinha como meta transformar a China numa social-democracia até 2000. Começou, conta no livro, implantando a política de reforma e abertura, que transformou o país no chão de fábrica mundial. Os louros, claro, até hoje são do então presidente, Deng. 
No final da década de 1980, o que eram flores se revelou um problemão. O superaquecimento da economia trouxe inflação e descontentamento. O culpado? Zhao, óbvio. Para completar, quando os estudantes tomaram a praça, lá foi ele conversar com o povo – e nesta foto, vocês podem ver que ao lado esquerdo de Zhao, com megafone em punho, está uma figura que viria a se tornar tão importante quanto, o atual primeiro-ministro Wen Jiabao.
No debate com os estudantes, o primeiro-ministro selava seu fim politico e viveria os próximos 16 anos sob prisão domiciliar, em Beijing, tirado de cena. Claro que o partido sabia do simbolismo da figura de Zhao e quando este morreu, em janeiro de 2005, um comitê foi criado às pressas para monitorar possíveis manifestações populares. Os ideias democráticos de 1989 não se revelaram, no entanto.  A prudência do Politburo ainda fez com que houvesse um controle dos viajantes a Beijing na época, evitando um afluxo de gente do interior, além de proibir que a notícia da morte fosse veiculada em rádio e TV.
Gato escaldado tem medo de água. É que todo o movimento em 1989 surgiu a partir do luto pela morte de Hu Yaobang, outro integrante do Politburo que defendia reformas que poderiam desembocar em uma política mais democrática. Hu morreu em 15 de abril de 1989, depois de sofrer um ataque cardíaco durante reunião do partido. No dia 17, um grupo de estudantes foi à Praça homenageá-lo com flores e faixas. E àquela manifestação de pesar foram juntando-se mais flores, mais estudantes e, principalmente, mais faixas. 
Nos dizeres, nem sempre Hu era o tema. A democracia era, pedidos de liberdade de expressão eram, o fim do sistema de unidades de trabalho, em que os empregos passavam de pai para filho, como um tesouro praticamente genético que dava ao governo o poder de gerenciar não só a vida profissional dos não cidadãos, como a privada, também era. E de tantas faixas, flores e estudantes surgiu uma tese, publicada no Diário do Povo de 26 de abril no Diário do Povo, a voz do partido chinês. Articulado por Li Peng, camarada linha dura e próximo a Deng, o editorial taxava a manifestação de anti-partido e anti-socialista. Decretado, pois, quem eram mocinhos e bandidos na história.
O objetivo, dizem especialistas, seriam amedrontar os manifestantes que, acovardados pelo status de inimigos, recolheriam-se à sua insignificância. Engano. A mobilização só fez crescer. E Zhao insistindo em negociação. Até que numa reunião na casa de Deng, relatada no livro, se decide decretar lei marcial e acabar com a balbúrdia. Este é um dos pontos em que Zhao inova, ao desdizer registros não oficiais, diga-se, sobre a decisão que culminou na expulsão via exército. Zhao sustenta que não houve votação entre os integrantes do Politburo sobre a questão, fato que contraria até mesmo as regras partidárias. Para mim, não faz diferença alguma, se alguém antidemocrático não votou. Mas parece que aí estaria mais uma prova da arbitrariedade dos grandões chineses.
Zhao fala mesmo e fala demais. Tenta mostrar que Deng não tem nada de arquiteto das reformas, atribuindo a si muito das mudanças. Tudo isso foi gravado em cerca de 30 fitas, secretamente, claro, que saíam de casa clandestinamente. Bao Pu, responsável por traduzi-las para o inglês e um dos editores do livro, conta que levou anos para resgatar todo o material. Pu é filho de Bao Tang, assistente político de Zhao e que passou seis anos na cadeia após o episódio da Praça.
Imagino, mesmo sem ter lido, que os esforços tanto de Zhao para gravar às escondidas quanto de Bao para reunir e traduzir o conteúdo valem super a pena. Botei o livro na lista de obras que lerei. E quem gosta de história política contemporânea ou tem curiosidade sobre a China deveria fazer o mesmo.

19 de mai. de 2009

Postando no escuro

Sim, às cegas. É assim que blogaremos a partir de agora. Com a aproximação de duas datas, uma comemorada e outra evitada por essas bandas do globo terrestre, o cerco à informação por aqui apertou. Antes o Wordpress e o Youtube estavam fora, agora o Blogger/Blogspot também.
Quando cheguei aqui na China, no dia 1 de dezembro de 2007, nada disso funcionava. Nem sites de notícias, como o da CNN ou BBC. Por isso, e outros motivos, o Corujando (http://donacoruja.blogspot.com) foi abandonado. Com a Olimpíada e o espírito "vejam só, nossa ditadura é super aberta à informação de todos os lugares do mundo" que tomou conta daqui, nos acostumamos a ler os blogs dos amigos, a escrever os nossos próprios, a perdoar as "quedas" repentinas na internet e televisão. Afinal, aos trancos e barrancos, as coisas mais ou menos funcionavam.
Tudo isso acabou.
E, sinceramente, não sei como será daqui pra frente. Por enquanto seguiremos postando por e-mail, lendo posts amigos e comentários através do Google Reader e esperando o dia em que nem isso teremos. Ou que as coisas voltem ao normal. O que vier primeiro.

13 de mai. de 2009

Sichuan: as campanhas de doação continuam

O trabalho de reconstrução na zona atingida pelo terremoto de 12 de maio do ano passado está só começando. Ainda falta muito para que as pessoas retomem a vida normal nos locais mais próximos ao epicentro do sismo. 
Por isso acho bacana a continuidade das campanhas de doação, principalmente à instituições sérias, como a Sociedade Cruz Vermelha, reconhecidas pela idoneidade em situações como essa.
Não gosto de fazer propaganda pra ninguém, mas como é para ajudar (mesmo com muito pouco, como é o caso), vale.
A KLM e Air France estão fazendo uma campanha, do dia 12 de maio a 11 de junho, para fazer doações ao trabalho de alívio e reconstrução em Sichuan. Durante este período, todas as passagens compradas pelo site das empresas aéreas dentro da China, Taiwan e Hong e Kong terão 10 yuans do valor destinados à Cruz Vermelha em Chengdu, capital de Sichuan. 
Quem por acaso precisar viajar por uma dessas empresas, pode fazer a compra online aqui.
E quem quiser ver algum outro jeito de ajudar não só as vítimas do terremoto, pode acessar o site da Cruz Vermelha.

Carregue seu panda por aí

Pouquíssimas coisas são tão China como o Panda.
Por isso achei essa idéia bacaníssima e resolvi compartilhar por aqui.



A Active Media Products e o World Wildlife Fund (WWF)  se juntaram para lançar um pen drive que facilita a sua vida e a dos ursos panda. Você porque pode contar com o espaço de 2GB, 4GB, 8GB, e 16GB de capacidade de armazenamento do Panda USB Drive. Os pandinhas serão ajudados a sair da extinção com a arrecadação de 5% do valor de cada USB key, grana que vai para o WWF, com um valor mínimo anual de US$25.000.
Por quanto sai isso?
A versão de 8GB custa US$26,95 e a de 16GB custa US$42,95. 
Mais informações no site da Active Media Products.


A propósito:
Panda é 大熊猫 - da xiong mao

O pesadelo de uma e a picada de outro

Eu lembro que quando era mais nova morria de medo de ir ao banheiro à noite. Além de todos os fantasmas e monstros que uma criança pode imaginar, eu tinha ainda outros medos. Tremia as pernas só de pensar na possibilidade de ter um sapo, ou qualquer outro bicho dentro da privada no momento em que eu tivesse fazendo xixi. Quando eu ia pro sítio do meu tio esse medo era multiplicado por 1397. Não, eu nunca vi nenhum tipo de bicho dentro da privada. Não, isso nunca aconteceu comigo de verdade.



Mas ali na vizinha Taiwan, um azarado de 51 anos teve os meus pesadelos transformados em realidade. O tiozão foi faceiro ao banheiro dar uma "aliviada", sentou na privada e levou uma dolorida mordida de cobra. Como desgraça pouca é bobagem, a cobra mordeu o pênis do cara. 
Agora ele está lá, internado em um hospital esperando o risco de infecção passar. Mas tenho certeza que esse aí vai inspecionar muito bem o banheiro antes de usar.

Só para constar:
Cobra é 蛇 (she)

12 de mai. de 2009

Sobre o terremoto em Sichuan



- A CCTV transmitirá ao vivo um programa especial sobre o terremoto direto de Yingxiu, epicentro do tremor, a partir das 14h20. O programa será transmitido em chinês e inglês.


- Foi aberto ao público hoje o Museu do Terremoto, que fica no distrito de Dayi, em Chengdu, capital da província de Sichuan. Mais de 50 mil objetos encontrados nas ruínas estão em exposição. A construção recebeu um investimento de 30 milhões de yuans (US$ 4,4 milhões) e conta com mais de 30 salas de exposição.


- Zhu Jianqiang (porco forte) , que sobreviveu 36 dias embaixo dos destroços do terremoto está em exposição no museu. O animal já está pesando mais de 200 quilos.


Em números:

- mais de 87 mil mortos e desaparecidos

- 68.712 mortos confirmados

- 374,64 mil feridos

- 5.335 estudantes morreram ou desapareceram

- 3 milhões de voluntários participaram das operações de resgate

- A China recebeu mais de 76 bilhões de yuans (US$ 11,2 bilhões) em doações

- Nas primeiras 72 horas após o grande sismo, entre 64 e 104 grandes réplicas do tremor foram registradas, com intensidade entre 6 e 6,1 graus. 


- Até o dia 6 de novembro do ano passado haviam sido registrados um total de 42.719 aftershocks: 246 entre 4 e 4,9 graus, 34 de 5 a 5,9, e 8 entre 6 e 6,4 graus



- O governo chinês publicou ontem um documento que cita as ações do país na prevenção e redução de desastres


-O distrito de Beichuan, um dos mais atingidos, foi reaberto no último domingo para prestação de homenagens às vítimas; O local permanecerá aberto ao público até quarta-feira. O distrito foi fechado por risco de epidemias. Ao todo, 2/3 da população de Beichuan, 21 mil pessoas, morreu no sismo.


- Apenas 12 dos 623 orfãos do terremoto foram adorados. O número inicial era de 1.019 orfaos, mas 396 foram encontrados e assumidos pelas famílias.


- Este mês começa a construção do novo centro de criação de pandas, em Huangcaoping, que fica a 10 km do anterior, dentro da reserva natural de Wolong.


- Sichuan é estado-irmão de Pernambuco, no Brasil

12 de maio, o dia em que senti a terra tremer



Há um ano atrás vim trabalhar, como venho todos os dias. Mas este dia foi diferente. Um dia que ficou marcado pelo choque, pela dor, pela perda, pela fúria. Procurando entre as minhas coisas algumas lembranças sobre o 12 de maio, encontrei o email que enviei para alguns amigos depois do tremor, enquanto as informações eram desencontradas e os mortos ainda não haviam começado a ser contados.


O primeiro terremoto a gente nunca esquece
 
Enquanto eu estava no Brasil, terremoto era coisa que eu só tinha ouvido falar e estudado rapidinho lá nas aulas de geografia do colégio. Ou notícia de lugares distantes. Extremamente distantes da minha realidade. Parece que agora até no Brasil tem. Mas enquanto eu estava aí, não tinha.

O Iugo sempre falou dos tremores do Japão e de como é estranha a sensação de sentir o chão balançar. Essa época do ano parece que eles ficam ainda mais comuns. Como eu ia pra lá, até comentei que não tava com vontade de sentir um.
Voltei do Japão sem sentir o chão tremer. Mas logo depois que sai de lá aconteceu um terremoto mais forte. Medo. Só pensei: "ainda bem que eu não estava lá...".

Hoje acordei meio sem fome e acabei não comendo antes de vir trabalhar. Apesar disso, me sentia muito bem. Estava traduzindo um texto quando, de repente, senti uma espécie de tontura. Achei que talvez pudesse ser por não ter comido, mas jurava estar sentindo a cadeira balançar. E a "tontura" não passava. E eu continuava jurando que a cadeira tremia. A cadeira e uma cestinha no meio das baias, onde a gente coloca os textos que precisam ser traduzidos. Como achei que estava louca, peguei o celular e comecei a mandar uma mensagem pra Mariana, para, caso ela estivesse pela rua, me trazer um chocolate. Nisso meu chefe levanta e grita: "Você viu o terremoto?????". Só consegui dizer "hein??". "Sim, olha as cortinas, ainda estão balançando". Macacos me mordam! Eu não tava louca! Foi terremoto!!!!

Logo depois disso começaram a chegar as primeiras notícias, as pessoas assustadas que conseguiram chegar ao departamento pela escada, porque os elevadores foram desativados. Nisso falei com outros amigos daqui que disseram que acharam estar passando mal, nunca imaginaram que pudesse ser um terremoto. Sabe como é, né? Quando a gente tava no Brasil isso não acontecia...



Meu primeiro terremoto ocorreu as 14h28 do dia 12 de maio de 2008. Em Beijing, teve uma intensidade de 3,9 graus. Mais de mil quilômetros de distância, o grande desastre, com 8 graus na escala Richter, e epicentro no distrito de Wenchuan (汶川), província de Sichuan, sudoeste da China. Aqui foi fraquinho. Ainda bem. Mas para muita gente foi o caos e o fim.

I see chinese people... in Datong (大同)



















11 de mai. de 2009

Lembrancinha de casamento Made in China

Essa ideia chinesa vai para as noivas de plantão. Uma colega chinesa acabou de casar e nos deu presente as lembrancinhas do casamento. Dá uma olhadinha e me diz que não é um amor.


Os "noivos" podem vir recheados com balas, doces e, até mesmo, o tradicional bem-casado. São fáceis de montar e bem bonitinhos, vai bem praquele povo que tem muito o que organizar e pouco tempo. Eu adorei.


Será que ninguém do Brasil se anima a patentear a ideia?

By the way, casamento em chinês se diz hunyin  (婚姻).

Update
结婚 (jiehun) ou 婚姻 (hunyin) 
Claro que nada pode ser tão simples em chinês. Por que casar seria, né? Segundo uma amiga chinesa explicou 婚姻 seria o substantivo, usado para descrever o relacionamento de um casal. Por exemplo: se o casal é legalmente casado, eles têm um relacionamento de 婚姻. Ela diz que quando se fala da cerimônia, da festa de casamento, se usa 结婚. Para dizer que alguém é casado também: "他结婚了". Sério, que idiomazinho complicado!



7 de mai. de 2009

Obrigados a fumar: Não duvido mesmo


Um amigo me mandou essa notícia da BBC essa semana, publicada originalmente em um jornal chinês. Sinceramente, não duvido que isso aconteça. Muitas vezes, na angústia de atingir metas e corresponder às expectativas, algumas medidas acabam sendo meio distorcidas por aqui. 
Nesse caso, obviamente eles não estão pensando nos dados à saúde dos indivíduos (esse também é outro conceito meio deturpado nessas bandas chinesas), nem nos futuros gastos médicos pra esse bando de gente. 
A gente já brinca que aqui é o paraíso dos fumantes, porque, ao contrário da tendência mundial, o hábito é muito tolerado em todos os ambientes (tem gente que exagera e fuma até em elevador). Uma estatística do governo central mostra que cerca de 85% dos homens adultos chineses fumam. Já é muita gente e muito cigarro. 

Província chinesa obriga funcionários públicos a fumar

da BBC
Funcionários públicos da Província de Hubei, na região central da China, que se recusarem a fumar uma cota determinada de cigarros serão multados.

A nova regulamentação, do governo da cidade de Gong'an, determina os padrões para o número de cigarros consumidos e as marcas que devem ser compradas pelos funcionários.

No total, todas as agências governamentais e instituições da província devem consumir 230 mil maços de cigarros produzidos na província por ano, ou 4 milhões de iuans (cerca de R$ 1,2 milhão) em cigarros.

Chen Nianzu, membro da equipe de supervisão do mercado de cigarros de Gong'an, disse ao jornal chinês "Global Times" que a determinação vai melhorar a economia local.

"Abuso"

Mas para o professor de gerenciamento e administração Wang Chunying, da Universidade de Negócios Exteriores de Hubei, o governo da província está abusando de seu poder ao determinar o protecionismo regional e encorajar o hábito de fumar.

"O governo central colocou um imposto pesado no cigarro para proteger a saúde pública e o meio ambiente", afirmou ele ao "Global Times". "O governo local pode se beneficiar com a medida (obrigatoriedade do fumo), mas o país vai pagar por isso no final."

O jornal de Pequim "Beijing News" relatou o caso de um professor que contou que os cinzeiros da escola pública onde trabalha estão sendo fiscalizados.

A descoberta de três pontas de cigarro de marcas fabricadas em outra província levou à ameaça de sanções contra os fumantes.

Apesar de a nova regulamentação incluir punição para os fumantes que não a obedecerem, ainda não foram decretadas aplicações de multas, segundo um porta-voz do departamento de relações públicas.

Um representante do escritório de finanças do distrito, que não quis se identificar, disse ao "Global Times" que a regulamentação é apenas um guia de conduta e não determina marcas específicas de cigarro.

Jingzhou, outra cidade de Hubei, também determinou uma regulamentação semelhante em 2007 para encorajar o consumo de cigarros produzidos localmente e aumentar a arrecadação de impostos da indústria de cigarros. Mas esta regulamentação foi abandonada seis meses depois, segundo o "Global Times".

A foto é de Tormond Sandtorv e foi originalmente publicada aqui.

6 de mai. de 2009

Quando tá escuro...

... em Beijing (北京)

Tian'anmen

Cidade Proibida

Cidade Proibida

Avenida Chang'an (长安)

Teatro Nacional

Teatro Nacional

Teatro Nacional

Vista de Xidawanglu
Vista de Xidawanglu
Vista de Xidawanglu

As fotinhos são desta humilde blogueira! 
Post em homenagem ao Erick Dias, que curte fotos e curte China!

5 de mai. de 2009

Com a lembrança do terremoto no nome


O tremor deixou mais de 87 mil mortos e desaparecidos

Com a proximidade do dia 12 de maio, as matérias que recontam o horror e que avaliam as consequências do devastador terremoto que sacudiu o sudoeste da China há um ano aumentam. Mais do que normal lembrar. Mais do que necessárias as homenagens aos mais de 87 mil mortos e desaparecidos.
Porém, hoje a agência de notícias do governo chinês divulgou uma notícia que me deixou, digamos, perturbada. Há uma estatística que diz que cerca de 700 bebês nasceram em barracas ou alojamentos temporários após o sismo. E que uma grande parte dos pais quis lembrar o ocorrido de 12 de maio de 2008 no nome dos filhos. Assim como Yang Chao, um jovem de 29 anos, que colocou o nome das filhas gêmeas, nascidas seis semanas após o sismo, de Zhen (震), que significa tremor, para que elas nunca esqueçam do que aconteceu em Sichuan e em que circunstâncias nasceram. Da mesma maneira, muitas pessoas escolheram Chuan (川), lembrando o local do epicentro do terremoto, o distrito de Wenchuan (汶川), onde 20% da população de 100 mil habitantes morreu ou foi considerada desaparecida.
Eu concordo com as homenagens, concordo que certas coisas não devem ser esquecidas, mas batizar um filho com o nome de terremoto? O que tem que ficar disso tudo são as lembranças, as homenagens, mas principalmente a solidariedade do mundo todo naquele momento extremamente doloroso. Lembrar talvez nas cidades, com nomes de ruas, mas estigmatizar os filhos, fazendo com que eles levem isso adiante eu fico meio chocada. Na minha opinião, os filhos deveriam ser batizados com nomes que lembram força, esperança, superação. Porque eles simplesmente eram a vida brotando no meio do caos.

Um ano depois, que seja lembrada a solidariedade

As fotos não são minhas. Na realidade eu nem sei de quem são. Eu peguei em algum lugar no ano passado ainda e na bagunça do computador acabei não registrando os créditos. Sorry!

90 anos de movimento estudantil chinês

Há tempos não apareço por aqui, o regime vai mal, obrigada, e neste gap entre uma peripécia acupunturística e outra, me atrevi a contar um pouco da história política chinesa. A quem interessar possa, aqui vai um texto sobre o Movimento de Quatro de Maio, que hoje completou 90 anos e foi celebrado pelo governo chinês. Originalmente, foi publicado aqui.

***

A China celebra hoje o Dia Nacional da Juventude, data que merece pompa e circunstância, como pedidos do presidente, Hu Jintao, para que os jovens lancem mão de todo o seu patriotismo e trabalhem duro pelo desenvolvimento do país. Tudo isso porque em 4 de maio de 1919 estudantes saíram às ruas de Beijing para pedir democracia e protestar contra o governo, com vistas ao fim do que se convencionou chamar feudalismo.

Para a cúpula do poder chinês, tal vigor juvenil ainda serve como exemplo. O movimento de cunho político e cultural de 1919 acabaria na fundação do Partido Comunista Chinês (PCC) dois anos mais tarde, em Shanghai. Apesar dos louvores aos líderes e intelectuais revolucionários e sedentos por mudanças da época, aos jovens agora é ensinado que ao lançarem mão da energia típica a esta fase, que o façam trilhando os caminhos do socialismo com características chinesas, a denominação oficial do sistema político da China, que vive épocas de competição capitalista sob controle forte de atos e até de pensamentos, se possível.

Restrição à liberdade de expressão e pânico a movimentos organizados podem ser herança de uma outra peripécia da classe estudantil, esta realizada 70 anos depois da manifestação lembrada hoje e apagada da história pelo poder em Beijing. Parece-me que a moçada de 1989 que fincou pé na praça também pedia democracia, mas àquelas alturas, a mão mais forte do governo central tapou ouvidos e bocas. Tirou o povo de Tiananmen e fez com que o baile seguisse com a mesma batida orquestrada décadas antes. Os primeiros acordes estão no movimento democrático de 4 de maio. Vamos a ele?

O conceito de república na China é recente. Somente em 1912 o país deixou para trás um sistema imperial, ao acabar com a Dinastia Qing (1616-1911), graças a articulações de Sun Yat-sen, o fundador da república. A recém instituída República da China, ou 中华民国 - Zhonghua Minguo (cuja primeira bandeira você vê abaixo), tinha um poder incipiente e sofreria golpes de militares com pretensões imperialistas e a oposição dos senhores da guerra, os verdadeiros líderes que tomavam as rédeas de controles alfandegários e fiscais de diversas regiões da China, separadamente.



Yat-sen já nem estava mais no país e o governo central enfraquecido veria seu comando se perder ainda mais ao final da I Guerra Mundial (1914-18), quando graças ao Tratado de Versalhes, o acordo entre os países vencedores e perdedores, a China viu entregues ao Japão as concessões alemãs de então no país (concessões estas frutos de uma política internacional desastrada).

Num basta aos desgovernos e pedindo a soberania do país com ideais democráticos e pelo fim do feudalismo, estudantes e intelectuais tomaram as ruas de Beijing para protestar, onda que se espalhou país afora. Um dos líderes, Chen Duxiu, professor da Universidade de Pequim, seria fundador do Partido Comunista da China. Antes, ele fundou um dos veículos que mostraram e moldaram o novo pensamento chinês, ou daqueles que queriam mudança no modelo de então, a revista Nova Juventude (新青年, Xin Qingnian). Pois são a partir de artigos e textos da publicação, cuja capa se vê abaixo, que se percebe a orientação comunista de Chen, que veria no modelo político russo o ideal para a China.



À beira do primeiro centenário, a república chinesa encerra muito mais história do que um post poderia contar. Fato é que ela segue e, desde 1949, adotou o modelo sugerido nas páginas da Nova Juventude, quando finalmente o Partido Comunista da China chegou ao poder e fundou a República Popular da China, ou 中华人民共和国 - Zhonghua Renmin Gongheguo. Vida longa à República Popular da China diz o cartaz abaixo, ou 中华人民共和国万岁 (Zhonghua Renmin Gongheguo Wansui). Esta última, aliás, completa 60 anos em 1º de outubro. Mas isso é assunto para outra hora.

4 de mai. de 2009

Descascando o 菠萝 (Bo Luo)

Literalmente.
Adoro o jeito que o povo descasca abacaxi aqui na China. Na real, não só aqui, em outros lugares da Ásia também é assim.



Mas acho muito bom comprar ananás aqui (são docinhos como os de Terra de Areia, lá no sul do Brasil, adoro!) e pedir ele descascadinho. Num minuto fica assim:

Ah, vai dizer que não gostou?

E aprendeu a palavrinha nova?
Abacaxi = 菠萝 Bo Luo