26 de mai. de 2009
20 de mai. de 2009
Eclipse total
O fenômeno completo poderá ser apreciado por duas horas no total, a partir das 8h (horário de Beijing), do dia 22 de julho (repeti, já anotou na agenda?).
Escanteado, mas não calado
As declarações estão no livro póstumo Prisioneiro do Estado – O Diário Secreto do Premie Zhao Ziyang, lançado nesta terça-feira nos Estados Unidos e em Hong Kong, onde a obra de 306 páginas ganhou versão em chinês. Na parte continental do país ela está proibida.
Os editores aproveitaram os 20 anos do massacre para publicar o livro, até agora o relato mais crítico à cúpula política no comando da República Popular da China vindo de um integrante do primeiro escalão.
Zhao ascendeu ao Politburo em 1977, pinçado pelo então presidente Deng Xiaoping, sucessor de Mao, depois de garantir reformas profundas que fariam a indústria de Sichuan crescer 81% em três anos, mesmo período em que a agricultura deu um salto de 25% na província. Em 79, já era vice-primeiro-ministro e seis meses depois, nomeado premiê.
Zhao era ambicioso e tinha como meta transformar a China numa social-democracia até 2000. Começou, conta no livro, implantando a política de reforma e abertura, que transformou o país no chão de fábrica mundial. Os louros, claro, até hoje são do então presidente, Deng.
No final da década de 1980, o que eram flores se revelou um problemão. O superaquecimento da economia trouxe inflação e descontentamento. O culpado? Zhao, óbvio. Para completar, quando os estudantes tomaram a praça, lá foi ele conversar com o povo – e nesta foto, vocês podem ver que ao lado esquerdo de Zhao, com megafone em punho, está uma figura que viria a se tornar tão importante quanto, o atual primeiro-ministro Wen Jiabao.
No debate com os estudantes, o primeiro-ministro selava seu fim politico e viveria os próximos 16 anos sob prisão domiciliar, em Beijing, tirado de cena. Claro que o partido sabia do simbolismo da figura de Zhao e quando este morreu, em janeiro de 2005, um comitê foi criado às pressas para monitorar possíveis manifestações populares. Os ideias democráticos de 1989 não se revelaram, no entanto. A prudência do Politburo ainda fez com que houvesse um controle dos viajantes a Beijing na época, evitando um afluxo de gente do interior, além de proibir que a notícia da morte fosse veiculada em rádio e TV.
Gato escaldado tem medo de água. É que todo o movimento em 1989 surgiu a partir do luto pela morte de Hu Yaobang, outro integrante do Politburo que defendia reformas que poderiam desembocar em uma política mais democrática. Hu morreu em 15 de abril de 1989, depois de sofrer um ataque cardíaco durante reunião do partido. No dia 17, um grupo de estudantes foi à Praça homenageá-lo com flores e faixas. E àquela manifestação de pesar foram juntando-se mais flores, mais estudantes e, principalmente, mais faixas.
Nos dizeres, nem sempre Hu era o tema. A democracia era, pedidos de liberdade de expressão eram, o fim do sistema de unidades de trabalho, em que os empregos passavam de pai para filho, como um tesouro praticamente genético que dava ao governo o poder de gerenciar não só a vida profissional dos não cidadãos, como a privada, também era. E de tantas faixas, flores e estudantes surgiu uma tese, publicada no Diário do Povo de 26 de abril no Diário do Povo, a voz do partido chinês. Articulado por Li Peng, camarada linha dura e próximo a Deng, o editorial taxava a manifestação de anti-partido e anti-socialista. Decretado, pois, quem eram mocinhos e bandidos na história.
O objetivo, dizem especialistas, seriam amedrontar os manifestantes que, acovardados pelo status de inimigos, recolheriam-se à sua insignificância. Engano. A mobilização só fez crescer. E Zhao insistindo em negociação. Até que numa reunião na casa de Deng, relatada no livro, se decide decretar lei marcial e acabar com a balbúrdia. Este é um dos pontos em que Zhao inova, ao desdizer registros não oficiais, diga-se, sobre a decisão que culminou na expulsão via exército. Zhao sustenta que não houve votação entre os integrantes do Politburo sobre a questão, fato que contraria até mesmo as regras partidárias. Para mim, não faz diferença alguma, se alguém antidemocrático não votou. Mas parece que aí estaria mais uma prova da arbitrariedade dos grandões chineses.
Zhao fala mesmo e fala demais. Tenta mostrar que Deng não tem nada de arquiteto das reformas, atribuindo a si muito das mudanças. Tudo isso foi gravado em cerca de 30 fitas, secretamente, claro, que saíam de casa clandestinamente. Bao Pu, responsável por traduzi-las para o inglês e um dos editores do livro, conta que levou anos para resgatar todo o material. Pu é filho de Bao Tang, assistente político de Zhao e que passou seis anos na cadeia após o episódio da Praça.
Imagino, mesmo sem ter lido, que os esforços tanto de Zhao para gravar às escondidas quanto de Bao para reunir e traduzir o conteúdo valem super a pena. Botei o livro na lista de obras que lerei. E quem gosta de história política contemporânea ou tem curiosidade sobre a China deveria fazer o mesmo.
19 de mai. de 2009
Postando no escuro
13 de mai. de 2009
Sichuan: as campanhas de doação continuam
Carregue seu panda por aí
O pesadelo de uma e a picada de outro
12 de mai. de 2009
Sobre o terremoto em Sichuan
- A CCTV transmitirá ao vivo um programa especial sobre o terremoto direto de Yingxiu, epicentro do tremor, a partir das 14h20. O programa será transmitido em chinês e inglês.
- Foi aberto ao público hoje o Museu do Terremoto, que fica no distrito de Dayi, em Chengdu, capital da província de Sichuan. Mais de 50 mil objetos encontrados nas ruínas estão em exposição. A construção recebeu um investimento de 30 milhões de yuans (US$ 4,4 milhões) e conta com mais de 30 salas de exposição.
Em números:
- mais de 87 mil mortos e desaparecidos
- 68.712 mortos confirmados
- 374,64 mil feridos
- 5.335 estudantes morreram ou desapareceram
- 3 milhões de voluntários participaram das operações de resgate
- A China recebeu mais de 76 bilhões de yuans (US$ 11,2 bilhões) em doações
- Nas primeiras 72 horas após o grande sismo, entre 64 e 104 grandes réplicas do tremor foram registradas, com intensidade entre 6 e 6,1 graus.
- Até o dia 6 de novembro do ano passado haviam sido registrados um total de 42.719 aftershocks: 246 entre 4 e 4,9 graus, 34 de 5 a 5,9, e 8 entre 6 e 6,4 graus
- O governo chinês publicou ontem um documento que cita as ações do país na prevenção e redução de desastres
-O distrito de Beichuan, um dos mais atingidos, foi reaberto no último domingo para prestação de homenagens às vítimas; O local permanecerá aberto ao público até quarta-feira. O distrito foi fechado por risco de epidemias. Ao todo, 2/3 da população de Beichuan, 21 mil pessoas, morreu no sismo.
- Apenas 12 dos 623 orfãos do terremoto foram adorados. O número inicial era de 1.019 orfaos, mas 396 foram encontrados e assumidos pelas famílias.
- Este mês começa a construção do novo centro de criação de pandas, em Huangcaoping, que fica a 10 km do anterior, dentro da reserva natural de Wolong.
- Sichuan é estado-irmão de Pernambuco, no Brasil
12 de maio, o dia em que senti a terra tremer

11 de mai. de 2009
Lembrancinha de casamento Made in China
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7 de mai. de 2009
Obrigados a fumar: Não duvido mesmo

6 de mai. de 2009
Quando tá escuro...
5 de mai. de 2009
Com a lembrança do terremoto no nome

90 anos de movimento estudantil chinês
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A China celebra hoje o Dia Nacional da Juventude, data que merece pompa e circunstância, como pedidos do presidente, Hu Jintao, para que os jovens lancem mão de todo o seu patriotismo e trabalhem duro pelo desenvolvimento do país. Tudo isso porque em 4 de maio de 1919 estudantes saíram às ruas de Beijing para pedir democracia e protestar contra o governo, com vistas ao fim do que se convencionou chamar feudalismo.
Para a cúpula do poder chinês, tal vigor juvenil ainda serve como exemplo. O movimento de cunho político e cultural de 1919 acabaria na fundação do Partido Comunista Chinês (PCC) dois anos mais tarde, em Shanghai. Apesar dos louvores aos líderes e intelectuais revolucionários e sedentos por mudanças da época, aos jovens agora é ensinado que ao lançarem mão da energia típica a esta fase, que o façam trilhando os caminhos do socialismo com características chinesas, a denominação oficial do sistema político da China, que vive épocas de competição capitalista sob controle forte de atos e até de pensamentos, se possível.
Restrição à liberdade de expressão e pânico a movimentos organizados podem ser herança de uma outra peripécia da classe estudantil, esta realizada 70 anos depois da manifestação lembrada hoje e apagada da história pelo poder em Beijing. Parece-me que a moçada de 1989 que fincou pé na praça também pedia democracia, mas àquelas alturas, a mão mais forte do governo central tapou ouvidos e bocas. Tirou o povo de Tiananmen e fez com que o baile seguisse com a mesma batida orquestrada décadas antes. Os primeiros acordes estão no movimento democrático de 4 de maio. Vamos a ele?
O conceito de república na China é recente. Somente em 1912 o país deixou para trás um sistema imperial, ao acabar com a Dinastia Qing (1616-1911), graças a articulações de Sun Yat-sen, o fundador da república. A recém instituída República da China, ou 中华民国 - Zhonghua Minguo (cuja primeira bandeira você vê abaixo), tinha um poder incipiente e sofreria golpes de militares com pretensões imperialistas e a oposição dos senhores da guerra, os verdadeiros líderes que tomavam as rédeas de controles alfandegários e fiscais de diversas regiões da China, separadamente.

Yat-sen já nem estava mais no país e o governo central enfraquecido veria seu comando se perder ainda mais ao final da I Guerra Mundial (1914-18), quando graças ao Tratado de Versalhes, o acordo entre os países vencedores e perdedores, a China viu entregues ao Japão as concessões alemãs de então no país (concessões estas frutos de uma política internacional desastrada).
Num basta aos desgovernos e pedindo a soberania do país com ideais democráticos e pelo fim do feudalismo, estudantes e intelectuais tomaram as ruas de Beijing para protestar, onda que se espalhou país afora. Um dos líderes, Chen Duxiu, professor da Universidade de Pequim, seria fundador do Partido Comunista da China. Antes, ele fundou um dos veículos que mostraram e moldaram o novo pensamento chinês, ou daqueles que queriam mudança no modelo de então, a revista Nova Juventude (新青年, Xin Qingnian). Pois são a partir de artigos e textos da publicação, cuja capa se vê abaixo, que se percebe a orientação comunista de Chen, que veria no modelo político russo o ideal para a China.

À beira do primeiro centenário, a república chinesa encerra muito mais história do que um post poderia contar. Fato é que ela segue e, desde 1949, adotou o modelo sugerido nas páginas da Nova Juventude, quando finalmente o Partido Comunista da China chegou ao poder e fundou a República Popular da China, ou 中华人民共和国 - Zhonghua Renmin Gongheguo. Vida longa à República Popular da China diz o cartaz abaixo, ou 中华人民共和国万岁 (Zhonghua Renmin Gongheguo Wansui). Esta última, aliás, completa 60 anos em 1º de outubro. Mas isso é assunto para outra hora.
