Vocês estão carecas de saber que aqui o idioma é outro, mas principalmente, o sistema de escrita é outro. O povo aqui não usa alfabeto, mas caracteres, 汉字 (hanzi), que indicam significados completos e quando combinados formam novas ideias e/ou palavras. Como toda a língua, o mandarim também sofreu mudanças ao longo do tempo, em termos de pronúncia e escrita. E é exatamente sobre mudanças na escrita que eu quero falar.
Vou deixar aqui bem claro que eu não sou linguista, não estudo chinês há muito tempo e nem como deveria. Eu sou uma grande curiosa e acho a escrita em caracteres fascinante. Eu vim para a China para trabalhar, mas mesmo assim, entre trancos e barrancos, estou me esforçando para aprender mandarim. Tento não só aprender a como me comunicar, mas como ler e escrever também. Sei que vou precisar estudar ainda alguns bons anos, ainda mais no ritmo que eu tenho levado as coisas, mas isto não diminui a minha curiosidade e vontade de aprender. Esclarecido isto, vamos adiante.
A simplificação dos caracteres chineses em 1956 foi um dos aspectos da evolução da língua. O número de traços foi diminuído como consequência, em muitos casos, do uso que já era dado por quem faz um idioma: as pessoas. Claro, outras modificações foram sugeridas pelos estudiosos chineses do idioma, que descaracterizaram completamente alguns ideogramas, abandonando totalmente a ideia original.
Para um estrangeiro, ter o domínio total dos mais de 40 mil caracteres que compõe a língua é bem complicado. Na realidade, os 40 mil são complicados até para os chineses. Parece que tá bom quando a gente sabe 3 mil e tri bom quando sabe 5 mil, quando a pessoa já é capaz de ler jornal e alguns livros. Não sei o quanto eu sei, mas garanto que não leio um jornal.
Pois bem, no final deste ano os hanzi vão passar por mais um processo de simplificação. O argumento é que isto vai popularizar ainda mais o idioma entre os próprios chineses, facilitando o aprendizado. Além disso, atenderia a uma necessidade iminente de ampliar o vocabulário para se adaptar às novas necessidades linguísticas, com o surgimento de novos nomes, novas tecnologias.
Well, é aqui que eu desanimei. Dá muito trabalho aprender chinês. Aprender a escrever usando ideias no lugar de palavras é bem complicadinho, leva um tempo para entender e enxergar lógica naquilo tudo. Daí, justamente quando eu estou começando a engrenar e me sinto superempolgada para aprender a ler e escrever, eles resolvem mudar tudo!!! Sério, tudo o que aprendi até agora vai mudar. Tudo bem, meu pensamento é egoísta, mas puxa vida, se é pra simplificar de vez, revoluciona e adota um alfabeto nos moldes do katana e hiragana japonês, ou coreano, ou descamba de vez e faz como o Vietnã, que usa o alfabeto romano. Simplificar agora vai só fazer as coisas ficarem mais difíceis... para mim! Tá bom, parei com o mimimi e vou pegar os livros de novo.
Prezada Paula:Acesse o site: www.alfabetosemamarras.org
ResponderExcluirPor esse site, você verá como é uma simplificação radical do idioma português. Obrigado. José Perea Martins